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segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Solar dos Botto Machado em Vinhó - Gouveia





Escudo de fantasia sob coronel de nobreza.
Partido: I - Boto. II - Machado.


Cronologia

Séc. 18, 2.ª metade - construção do edifício, pela família Boto Machado.

Características Particulares

Edifício algo estranho, com fachada principal assimétrica, revelando que talvez existissem planos de desenvolver o imóvel para o lado direito, resultando a localização do portal principal no extremo direito, marcado pelo alteamento da cornija, onde se insere a pedra de armas, solução típica do final do séc. 18 e que se prolongaria na centúria imediata. As janelas possuem molduras recortadas, mais largas na zona superior e prolongando-se inferiormente em falsos brincos. Na zona posterior, surgem alguns elementos agrícolas com interesse, como a manutenção de um tanque de lavagem, protegido por caramanchão em ferro, uma alameda com vinha em latada e várias árvores de porte médio, relativamente bem tratadas.   

Pedra de Armas na fachada do edifício da Junta de Freguesia de Vinhó - Gouveia.


Armas plenas de Sousas (do Prado)

Mosteiro da Madre de Deus de Vinhó / Igreja Paroquial de Vinhó







Armas plenas de Sousas (do Prado)

Características Particulares

Igreja pertencente a mosteiro, actualmente funcionado como igreja paroquial, muito modificada no séc. 20 para a adaptar às novas funções, com feitura de nova fachada principal e coro-alto de menores dimensões do anterior, levando ao apeamento dos coros e respectivos cadeirais. Portal antigo na fachada lateral esquerda, anteriormente a fachada principal, de feitura maneirista, com dupla arquivolta de arestas boleadas e remate em entablamento, encimado pela pedra de armas dos fundadores. Tem adossada capela lateral, protegida por grades metálicas, talvez setecentistas, contendo o túmulo da fundadora da Capela, a Tia Maria Baptista, e retábulo de talha tardo-barroca, com acesso por portal de arco e pilastras almofadados, encimado por cartela com inscrição. Mantém os túmulos dos fundadores na capela-mor. Cobertura da nave com caixotões pintados numa parte, estando a restante em branco, revelando a zona dos antigos coros. Retábulo-mor de planta côncava e três eixos, assente em sotobanco de cantaria e com as portas que acedem à tribuna pintadas com a representação de anjos músicos. Os retábulos colaterais são de estilo joanino, com profusa decoração e anjos de vulto assimétricos no remate, que se prolonga sobre o arco triunfal, tendo, no fecho, as insígnias da Ordem Franciscana. Possui várias pinturas e pormenores de talha provenientes das capelas do antigo convento, entretanto desaparecido. A fachada principal, muito simples, tem os vãos unidos por moldura comum em cantaria, ornada por elementos fitomórficos.


Cronologia

1386, Janeiro - a quinta de Vinhó pertencia a Gil do Sem, que a tinha por mercê régia, passando, sucessivamenteo, ao seu filho, Martim, à filha Catarina e à neta Beatriz de Almeida; foi doada a Tristão de Sousa e Isabel Coelho, pais de Francisco de Sousa; 1567 - fundação do mosteiro de Freiras Clarissas, dedicado à Madre de Deus, por Francisco de Sousa (fidalgo da casa d'El Rei) e por sua mulher, D. Antónia de Teive, que doaram, para o efeito, a sua quinta em Vinhó; 8 Março - escritura da instituição do convento, na presença de Frei Nicolau de Jesus, numa quinta desanexada do morgado de João de Teive, que fora constituído em 8 de Novembro de 1566; tinha uma renda de 8000 cruzados, sendo a primeira abadessa Antónia da Assunção, sobrinha do fundador e podendo albergar um máximo de 33 religiosas; 1573, 20 Junho - conclusão das obras do mosteiro, outorgado a Frei Nicolau de Jesus, custódio dos Observantes da cidade do Porto; 1578, 2 Maio - morte de Fracisco de Sousa, sepultado na capela-mor; 1579, 17 Abril - morte de D. Antónia de Teive, sepultado na capela-mor; séc. 17 - a abadessa Ambrósia da Conceição construiu a Capela de Santa Apolónia; 1698 - execução da cobertura em caixotões, a mando da abadessa Jerónima de São José, conforme inscrição; séc. 18 - construção da Capela do Menino Jesus, no claustro, por iniciativa da religiosa Tia Baptista do Céu Custódia, que tinha fama de santidade e escrevia trovas; 1739 - data no arco triunfal; 1752, 7 Março - contrato entre a congregação e os carpinteiros Manuel Caetano, assistente no Colégio de Jesus, e Bento Antunes, do lugar de São Paio, para a obra no coro-alto, forro do mesmo, apainelado e cadeiral, por 350$000 *1; 1755 - foram acolhidas em Vinhó 4 clarissas provenientes do Convento de Santa Clara de Lisboa; 1767, 18 Maio - morte da Tia Baptista; 1771 - data num ex-voto; 1776 - a madre abadessa Gerarda Micaela de Santa Rosa descreve o convento, como tendo dormitórios sem celas, três para educandas, seculares, recolhidas e criadas, surgindo, ainda, mais 19 celas privadas; tinha lojas, cozinhas, 22 galinheiros, casas para guardar lenha e carvão; 1778, 5 Fevereiro - D. Luísa Tomásia, abadessa, requereu a tresladação das ossadas da Tia Baptista do Céu Custódia para o actual túmulo, na nova capela da nave da igreja; 1781 - tinha 32 religiosas e 2 noviças, com rendas de 1:720$230 e despesas no montante de 636$000, onde se contava a obrigação de missa por alma do fundador; 1787 - a Abadessa Teresa Clara de Jesus descreveu o convento *2; acabado de fazer o órgão e o mirante; a congregação possuía terras em Vinhó, Rio Torto, Moimenta, Alrote, São Cosmado e Gouveia, com o rendimento de 1:729$375; 1859 - feitura do inventário, sendo ainda vivas três freiras, D. Leocádia, falecida em 17-12-1859, D. Inácia, falecida em Novembro de 1862 e D. Matilde Ludovina de São José, recolhida em casa de familiares; 1860, 27 Janeiro - as últimas 5 freiras do Mosteiro do Couto recolheram em Vinhó, alegando que o convento não podia ser extinto, pois ainda vivia D. Matilde, se bem que não residente; 1862 - inventário dos bens existentes do convento, sendo referida uma peanha de prata com 3 serafins de prata de cada lado, uma espada de prata do Menino e uma coroa de prata de Nossa Senhora do Rosário; 1863 - desabou o telhado do dormitório e os madeiramentos foram roubados; 1864 - abateu parte do telhado do dormitório; 23 Fevereiro - pedido das freiras, através da abadessa, D. Josefa Vitória, para que se façam obras, remetendo, para tal, um orçamento no valor de 150$000; as obras foram efectuadas; 1867 - roubada a imagem de Nossa Senhora do Rosário por José Rodrigues Tomás, escrivão da Fazenda do Concelho; 1868, 31 Março - D. Josefa Vitória já não era viva; 28 Setembro - população apela ao rei para que lhes conceda a igreja e um pequeno terreno murado para cemitério, o que não se verificou; 1869, 7 Abril - Maria Henriqueta do Coração de Jesus e Saldanha, a última freira, morreu; 17 Abril - Tesouro tomou os bens do Mosteiro; 24 Abril - inventário do mosteiro, declarando que parte do imóvel já se encontrava em ruína e valia 6:000$000; 1 Julho - pedido para concessão da igreja, feito pelo bispo de Viseu; 16 Agosto - o governo responde que não há inconveniente na cedência da igreja e capela do Menino Jesus, desde que os habitantes façam, à sua custa, as obras para tornar o edifício independente, cortando todas as comunicações com o mosteiro; a cerquinha do Menino Jesus não foi concedida para cemitério; 3 Setembro - extinção do mosteiro; 1871 - avaliação do imóvel; 21 Março - nova petição a solicitar a transformação da igreja em paróquia, o que viria a acontecer; 6 Abril - Repartição da Fazenda de Gouveia afirma a necessidade da arrematação ser efectuada em Gouveia e não em Lisboa; 1877, 8 Agosto - pedido do hospício e hospedaria para intalação da escola primária e residência do professor; 1879, 12 Março - a Várzea foi arrematada por 677$000 a Júlio Rainha e o Lameiro da fonte, por 440$5000, a António de Almeida Rainha; 6 Abril - arrematação de 2 lotes da Vinha Velha por 445$000 por João Fernandes da Silva Canário, sendo o terceiro lote pra Manuel Pereira Presunto, por 340$500; 24 Abril - a primitiva hospedaria e casa da roda foram arrematadas por 129$050 pelo Padre José Alves Dias Fonseca, que as transformou em residência paroquial; três casas arrematadas por 192$400 por Miguel Ferreira; 1880, 17 Junho - o mosteiro foi comprado por D. Clara Rita da Fonseca, por 300$500; 21 Junho - venda da cerca, com lameiro, horta e pomar a Júlio Rainha, por 1:100$000; 1898 - edificação ou reconstrução da torre sineira, conforme data na mesma; 1912 - a primitiva igreja paroquial ainda se encontrava aberta ao culto, sendo um dos altares transferido para o convento *3; séc. 20, 2ª metade - construção da sacristia; 1921 - data na torre; 1949, 17 Março - carta de Maria Leonor de Albergaria Pinheiro Alçada à DGEMN pedindo auxílio para preservar a igreja e respectivo recheio, aludindo ao facto do Museu de Viseu ter tentado adquirir pinturas atribuíveis a Grão Vasco e tapetes de Arraiolos, que a população não deixou sair da terra; 1960 - a grade da Capela do Menino da Tia Baptista encontrava-se na Quinta do Mota, voltando ao local por iniciativa do Padre João Gomes Gonçalves; 1962 - são visíveis, na nave e no coro-alto, vestígios do antigo cadeiral; parecer da Junta Nacional de Educação sobre o valor arquitectónico do imóvel; 1987, 13 Setembro - colocação de lápide de homenagem ao pároco João Gomes Gonçalves; 1975, 25 Junho - uma brigada do Instituto José de Figueiredo visita o imóvel para constatar o estado da conservação dos caixotões da cobertura; 1985 - construção de um anexo adossado à sacristia, pela Comissão Fabriqueira da Paróquia, destinado a pequeno espaço museulógico; 1992, 19 Julho - início da construção do centro paroquial junto à igreja; 1993, 22 Fevereiro - carta da Comissão Fabriqueira solicitando ajuda financeira para o restauro dos caixotões da capela-mor; 1995 - pintura da Via Sacra, pela pintora de Gouveia, Prof. Maria José Barreto; 15 Agosto - inauguração do centro paroquial.

in: monumentos.pt