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terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Mosteiro de Santa Maria de Maceira Dão, Mangualde








 Armas do reino













"O antigo mosteiro de Maceira Dão é formado por três zonas correspondentes a três campanhas arquitectónicas diferenciadas e que testemunham a história desta casa e da sua evolução ao longo dos séculos.
O primeiro mosteiro foi fundado em data incerta, por D. Soeiro Tedoniz, em Moimenta do Dão, crendo-se que já existia em 1154 e obedecia à Regra de São Bento (ALVES, p. 22). Todavia, o clima e a topografia terão acabado por ditar a mudança dos religiosos para Maceira, muito possivelmente em 1168. Já aí se encontravam em 1173 quando, a 31 de Outubro, D. Afonso Henriques passou a carta de couto de Maceira Dão ao Abade Soeiro (IDEM, p. 37). Mais tarde, e também em data incerta, embora alguns autores defendam o ano de 1188, estes religiosos trocaram a regra de São Bento pela de São Bernardo, colocando-se sob a protecção dos abades de Alcobaça (IDEM; p. 23). Certo é que em 1212 o mosteiro era cisterciense.
Destas primeiras construções pouco ou nada nos chegou, a não ser, talvez, algumas das pedras sigladas com que o claustro e a igreja que hoje conhecemos foram edificados, já nos séculos XVII e XVIII. A torre medieval, pode também ser recuada ao século XII-XIV (IDEM; p. 14). No início do século XVI, uma outra campanha envolveu todo o imóvel, mas não deverá ter alterado o aspecto geral do mesmo. As grandes alterações ocorreram nos séculos seguintes, com o claustro e a fachada edificados nos primeiros anos de Seiscentos, e a portaria a apresentar o cronograma de 1613. Devido a dificuldades financeiras, as obras prolongaram-se até à centúria seguinte. Assim o demonstram as datas de 1628, 1668 e 1669 presentes nas bases dos pináculos do claustro, totalizando pelo menos quarenta anos de intervenções (IDEM, p. 19, nota 6). Esta zona do mosteiro, que se desenvolve em planta rectangular irregular, incluía o claustro, a sala do capítulo, o refeitório, a cozinha, a adega e outras dependências, sendo que no piso superior se situavam as celas, o quarto do Dom Abade, a biblioteca, e a enfermaria (IDEM; p. 15).
A igreja foi o último espaço a ser reedificado, já na década de 1740. Assim, em 1744 a obra era arrematada por um conjunto de mestres pedreiros do Minho, de seu nome João Ribeiro Alves, João Martins, João da Costa Coelho e João Fernandes Ribeiro (IDEM; p. 69). Os trabalhos ficaram concluídos em 1779, dando-se então início às campanhas decorativas, para as quais foi contratado, ainda nesse ano, José da Fonseca Ribeiro para desenhar e executar o retábulo-mor. Sete anos mais tarde era a vez de Pascoal Parente pintar algumas telas, conhecendo-se a Fuga para o Egipto, que foi adquirida pela Irmandade das Almas de Mangualde, juntamente com os retábulos colaterais, depois da extinção das ordens religiosas.
A igreja desenvolve-se em planta longitudinal que articula capela-mor muito profunda e nave, esta última de planta elíptica, que se reflecte na fachada principal. O alçado, com portal de frontão curvo onde se inscrevem as armas reais, apresenta ainda três nichos onde deveriam ter figurado, ao centro, a imagem de Nossa Senhora da Assunção, a quem a igreja era dedicada, ladeada por São Bento e São Bernardo.
Em 1834 o convento era extinto, e o inventário executado com extrema celeridade. Um viseense adquiriu o conjunto do mosteiro que conheceu, depois, diversos proprietários. O seu património móvel dispersou-se como já referimos a propósito de uma tela e dois altares, encontrando-se actualmente o retábulo-mor na igreja paroquial de Fragosela, ainda que muito adaptado a um espaço bem mais exíguo (IDEM, p. 99).
(Rosário Carvalho)"

IN: DGPC - http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/72103

Ver também:  http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=7263

terça-feira, 30 de abril de 2013

Casa de Santo António - Fornos de Maceira Dão












Escudo em cartela sob coronel de nobreza.
Escudo Partido: I - Cardoso. II - Faria.

Considerada uma das «mais antigas casas solarengas» do concelho de Mangualde (CARDOSO, 1995), o solar da Quinta de Santo António terá sido edificado no início do século XVI, conforme atestam os elementos decorativos mais antigos, registando-se transformações na estrutura da casa ao longo das centúrias seguintes.
O primeiro proprietário da Quinta de Santo António a ser referenciado na documentação é Leadro de Faria Cardoso, que habitou o solar nos finais do século XVII. No entanto, da construção primitiva, iniciada quase duzentos anos antes, e do seu encomendante, nada se sabe.
O mais antigo corpo do edifício, com escadaria de acesso na fachada principal, apresenta janelas com decoração de inspiração manuelina, nomeadamente uma janela de canto assente sobre pilastra decorada com boleados, que forma uma pequena varanda com conversadeiras.
Adossada a este corpo primitivo está a capela de Santo António, edificada em 1736, cuja fachada apresenta um curioso e tardio programa de gosto clássico com reminiscências maneiristas, cujo portal inserido em alfiz é encimado pelo brasão dos Cardoso Faria. No interior, de nave única, destacam-se o programa decorativo de talha dourada barroca, nomeadamente o retábulo e as ombreiras das portas, e o conjunto de imaginária dourada e policromada.
Este eclético conjunto é prolongado por um corpo de planta em L, construído no século XIX, com intervenções na centúria seguinte, de que destaca a curiosa torre de relógio.
Catarina Oliveira
DIDA/IGESPAR,I.P./ Junho de 2008

Jazigo da família de Miguel de Queiroz Pinto de Athayde e Mello - Fornos de Maceira Dão