Cruz da Ordem de Malta.
Cruz da Ordem de Malta
Cruz da Ordem de Malta
O LICENCIADO MELCHIOR FERNANDEZ COM SVA MOLHER
FEZ ESTA CAPELA NO ANO DE 1571 A QVAL
DOTARAM COM OBRIGAÇÃO DE HVMA
MISA DAS CHAGAS COM COMEMORAÇÃO
A VIRGEM MARIA E SÃO BRAS E DOVS
RESPONSOS POR SVAS ALMAS DE TODOS
A QVE SÃO EM ALGUMA OBRIGAÇÃO CA
DA SESTA FEIRA PERA SEMPRE COMO SE
CONTEN NA ISTITVIÇÃO QVE TEM O
ADMINISTRADOR QVE SE ACHARA NO
CARTORIO DA SE DE COIMBRA.
Cruz de Malta e marca de canteiro.
Capela da Senhora da Graça
(...)/
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ESTA CAPELLA MANDOV FAZER IORGE DE FA
RIA GARCES FIDALGO DA CASA DE SUA
MAGESTADE NO ALTAR MANDOV POR A IMAGEM
DE NOSSA SENHORA DA GRAÇA NELE SE DERAM 24
MISSAS DAS CHAGAS EM SESTA FEIRA 24 DE NOSSA SENHORA
AO SABADO E 12 DE (...) SESTA FEIRA DE CADA MES
Escudo esquartelado sobre elmo, ornado de paquife.
Esquartelado: I - Faria?. II - Garcez?. III - Oliveira?. IV - Machado.
de Jorge de Faria Garcez.
Capela dos Ferreiros
Túmulos e jacentes de Domingos Joanes e Domingas Sabachais.
Estátua do Cavaleiro.
Adossada à barroca igreja matriz de Oliveira do Hospital, a capela dos
Ferreiros é um dos mais importantes espaços funerários góticos
nacionais, pela relevância das obras que encerra, mas também por ser das
poucas capelas sepulcrais baixo-medievais de iniciativa privada que se
conservou até aos nossos dias.
Ela ficou a dever-se a Domingos
Joanes, ao que tudo indica um nobre de ascendência obscura, neto de D.
Chavão e que terá feito fama em guerras por terras de França (HALL,
1998, p.124). As semelhanças do seu brasão com o de Bartolomeu Joanes,
rico burguês da cidade de Lisboa, que se fez sepultar em capela própria
na Sé da capital, tem levado alguns autores a considerar Domingos Joanes
como um homem oriundo de uma família nobre recente (BARROCA, 2000,
p.1631, cit. José Mattoso), cuja vontade de legitimar a sua promoção
social ficou bem expressa no conjunto escultórico que encomendou para a
capela. Por outro lado, uma desaparecida lápide referia-o como
"cavaleiro de Oliveira", facto que, a juntar ao estatuto de seu avô como
governador das terras de Seia, permite perceber a escolha deste nobre
por Oliveira do Hospital para sua última morada. Com ele, sepultou-se
sua mulher, D. Domingas Sabachais, uma figura igualmente mal documentada
da nossa história medieval.
A capela é um espaço rectangular mal
iluminado e cujas características construtivas revelam a manutenção dos
arcaísmos com que a arquitectura gótica portuguesa (em particular a do
reinado de D. Dinis) é maioritariamente avaliada. "Com pouco mais de
6,50m por 3,50m, e uma cobertura de berço quebrado e contínuo" (DIAS,
1994, p.98), é uma massa edificada compacta, com grandes silhares de
granito e iluminada por dois pequenos óculos quadrilobados, abertos na
fachada lateral Sul. Uma fresta, localizada axialmente no alçado do lado
nascente, iluminaria originalmente o espaço, mas a posterior ligação
Sul à igreja determinou a perda de função deste elemento.
Durante
muito tempo, considerou-se ser obra de 1279 (de acordo com aquela
inscrição apenas vistas por Coelho Gasco no século XVII), um dado que
faria desta obra uma das mais antigas capelas funerárias nacionais
(CORREIA e GONÇALVES, 1952). No entanto, estudos mais recentes vieram
questionar esta datação, assumindo-se o ano de 1341 (Era de 1379) como o
mais provável (BARROCA, 2000, pp.1627-1628).
Se,
arquitectonicamente, a capela dos Ferreiros pode ser considerada mais
uma de tantas construções arcaizantes levantadas entre os séculos XIII e
XIV, o notável conjunto escultórico do seu interior revela uma
actualidade de gosto e um desafogo económico pouco comum no panorama
nacional da primeira metade do século XIV. Dois túmulos, uma estátua de
um cavaleiro e um retábulo, são o mais completo conjunto escultórico
gótico português, e uma das obras maiores de um incontornável escultor
aragonês estabelecido no nosso país a partir do casamento de D. Dinis
com D. Isabel de Aragão: Mestre Pero.
Os dois jacentes foram
figurados em decúbito lateral, composição muito pouco comum no panorama
da tumulária nacional (BARROCA, 2000, p.1629), sendo a iconografia
escolhida por Domingos Joanes característica da Nobreza trecentista, com
espada e lebreu aos pés. Este conteúdo senhorial é ainda reforçado pela
estátua de cavaleiro, representado como participante de um torneio
medieval e não em contexto de guerra, numa clara intenção de "sublinhar a
dimensão ideal da cavalaria" e do seu estatuto de nobre (FONSECA, 1992,
p.170). O jacente de Domingas Sabachais é igualmente comum às damas
nobres, com cabeça coberta por véu e um pequeno cão aos pés, mas
simbolicamente menos afirmativo que o de seu marido. O retábulo
destinou-se a reforçar o programa de afirmação pessoal e social, na
medida em que a Virgem com o Menino é ladeada por duas figuras menores,
representando os doadores, no fundo, Domingos Joanes e Domingas
Sabachais que, desta forma, se autonomizaram dos seus túmulos terrenos e
passaram a figurar no reino dos céus.
in:
http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70671/
Há uns tempos publiquei a imagem da estátua do cavaleiro de Oliveira do Hospital que se encontra no museu Machado de Castro em Coimbra. De facto, quando olhamos para as duas estátuas é-nos impossível perceber qual é a verdadeira e qual é a cópia. Parece que em 1911, a estátua foi transportada para uma exposição no Museu Machado de Castro, e foi feita uma cópia pelo estatuário João Machado, por ordem de António Augusto Gonçalves.
Agora, como não poderia deixar de ser, há quem diga que a original é a que está em Coimbra, mas também há quem afirme que a original voltou para Oliveira do Hospital. A resposta a esta questão parece estar bem guardada nos arquivos do museu Machado de Castro em Coimbra...