Armas plenas de Coutinhos
Armas plenas de Coutinhos
"CAZA DA VENERAVEL ORDEM TERCEIRA DA PENITÊNCIA
ANNO 1755"
Armas plenas de Coutinhos
Arcossólio de D. Francisco Coutinho, conde de Marialva.
Armas plenas de Coutinhos
Armas plenas de Coutinhos
Grande parte da história da freguesia está ligada ao seu convento,
fundado nos finais da Idade Média pelos Condes de Marialva. O seu
elemento arquitectónico mais antigo, a torre, data do século XIV e é
muito semelhante à do Castelo de Lamego. Adiante descreveremos, em
pormenor, este monumento fundamental para o passado da freguesia. A sua
história remonta a 1525, quando D. Francisco Coutinho, em 28 de Janeiro
de 1525, nos paços fidalgos da Torre do Bispo, em Santarém, doou o
terreno em que ficaria o Convento, com a condição de não se demolir a
torre que já ali se encontrava, como forma de perpetuar a memória dos
antepassados dos Coutinhos. Em relação a esta torre, como refere Jaime
Ribeiro Gouveia, a sua construção «terá acontecido nos primeiros anos do
século XIII, tendo ficado a dever-se ao fidalgo Gonçalo Viegas, casado
com uma neta de Egas Moniz. A estratégia de afirmação social dos
Coutinhos passou também pela mitificação da origem da torre de Ferreirim
que, de facto, só entrou na posse da família em 1431, não sendo, por
isso, berço da linhagem.» Para além disso, reservou para seu sepulcro e
para a sua linhagem a capela-mor (o que acabou por não acontecer, visto
que apenas ele está sepultado nesse local). Assistiu ao acto o Ministro
Provincial dos Franciscanos, Frei Nuno de Alverca, guardião do convento
franciscano de Santarém. Dois anos depois, é feita uma nova escritura,
que amplia a área que anteriormente foi cedida para a instalação dos
religiosos franciscanos. A Ordem de S. Francisco foi fundada por S.
Francisco de Assis, na Itália, em 1209. O seu fundador era filho de um
abastado comerciante, mas, respondendo a um chamamento, passou a adoptar
uma vida extremamente simples, em pregação, dando exemplos de humildade
e devoção. Os seus membros, de acordo com o espírito do fundador, nada
deveriam possuir, estando obrigados a viver o mais pobremente possível.
Os franciscanos realizam voto de pobreza, castidade e obediência. Vivem
em conventos, geralmente edificados dentro das cidades ou junto a elas.
Quanto ao fundador, D. Francisco Coutinho era um profundo devoto da
Ordem Franciscana e, em especial, de Santo António. Foi dono do senhorio
de Leomil, de Medelo, alcaide-mor de Lamego, meirinho-mor do Reino e
quarto conde de Marialva. Falecido em 1532, não viu o convento
terminado, apesar de nessa altura já viverem lá alguns religiosos. Para a
continuação da obra, foi incumbida a viúva. As obras no Convento de
Ferreirim iriam prolongar-se por vários séculos. Ainda no século XVI,
procedeu-se ao levantamento dos dormitórios (1532); à pintura dos três
retábulos (1533); à feitura dos arcazes (1573) e ainda à construção do
pórtico e do túmulo. De resto, datam desta época os últimos vestígios da
primitiva igreja. O século XVIII ficou marcado por diversas obras na
igreja, entre as quais se salienta a construção da galilé. O
retábulo-mor foi feito em 1744, o douramento e pintura da tribuna e
tecto da capela-mor da igreja em 1747. Inúmeras obras de pedraria,
carpintaria e pintura, entre outras, foram feitas nesse século, tanto na
Igreja como nas dependências conventuais - dormitórios, cozinha,
refeitório, coro, casa da portaria, casa dos moços, torre, nave da
igreja, tulhas e enfermaria. No entanto, com a extinção das ordens
religiosas, o convento foi abandonado e mesmo a Igreja começou a receber
cada vez menos atenção. Em 27 de Dezembro de 1954, um grande incêndio
arruinou uma parte do imóvel e destruiu completamente o órgão. Mais
recentemente, em 2001, o mau tempo provocou a queda parcial da zona
conventual, que começou a ser alvo de nova intervenção a partir daí. O
longo período que este monumento foi alvo de intervenções levou a que,
hoje em dia, apresenta características próprias de diversos estilos
artísticos. Assim, temos um imóvel com especificidades renascentistas,
maneiristas, barrocas e até de arquitectura militar gótica, como é o
caso da torre original. Todo o conjunto está classificado desde 27 de
Março de 1944 como Imóvel de Interesse Público. É um templo de planta
longitudinal, composta, irregular, com coberturas diferenciadas de duas,
quatro e cinco águas. A fachada principal, enquadrada por pilastras
encimadas por pináculos, tem um corpo central destacado e dois outros de
menor altura e mais recuados. O corpo central é rematado por um frontão
triangular armoriado, coroado por cruz sobre pedestal. O portal da
Igreja é formado por duas arquivoltas de vergas rebaixadas, com o pé
direito interior adornado com florões alternados com troncos de árvores
com botões. Ao centro, o brasão dos Coutinhos. O exterior, por seu lado,
é decorado com folhagem. Sobre o fecho da abóbada, encontra-se um arco
que no centro tem uma pedra de armas. No interior, de nave única,
coro-alto e capela-mor, temos do lado do Evangelho uma capela de arco
policromado. Do lado da Epístola, altar e púlpito. O tecto é em
caixotões de madeira. Na capela-mor, salienta-se o retábulo em talha
dourada e o arcossólio de D. Francisco Coutinho, policromado e com pedra
de armas. Do espólio existente, salientam-se alguns painéis de pintura
quinhentista. atribuídos aos denominados mestres de Ferreirim: Cristóvão
de Figueiredo, Garcia Fernandes e Gregório Lopes.