Escudo de fantasia em cartela rocaille, sob coronel de nobreza, suportado por dois leões.
Esquartelado: I - Guedes. II - Carvalho. III - Cardoso. IV - Rebelo.
"Penso é uma localidade de origens muito remotas, e senhorio de grandes
fidalgos desde a Reconquista. Fez parte dos bens de Mem Martins de
Ribadouro e de Egas Moniz, no século XII, e albergou no século XVII as
casas nobres dos Pimentéis e Gouveias e dos Noronhas, situadas na
pequena aldeia de A-de-Barros. A esta última família está ligado o solar
do mesmo nome, também conhecido como Casa de D. Dinis, por ser
identificada na localidade com a casa onde o rei D. Dinis terá
pernoitado quando passou por A-de-Barros, no seu caminho de Trancoso
para Lamego, por volta de 1310. Na verdade, e ainda que uma construção
anterior possa ser a origem desta lenda, o Solar dos Noronhas é uma obra
setecentista.
A genealogia desta família é incerta, mas é
conhecida a descendência de um Bernardo Rebelo de Carvalho, nascido e
falecido na "Quinta de Adebarros" em finais do século XVI e início do
século XVII. Esta quinta tanto poderia ser a propriedade onde hoje se
ergue o Solar dos Noronhas, como a dos Pimentéis e Gouveias, uma vez que
estes ramos se fundiram também com os Carvalhos do concelho de Caria
(ao qual Penso pertenceu até à sua extinção, em 24 de Outubro de 1855). A
referência ao nome Rebelo também pode apontar para Maria Rebelo, mulher
de Álvaro da Costa, fidalgo donatário do lugar por volta do ano de
1500, que deu algum impulso ao crescimento de Penso. A igreja paroquial
terá sido construída no ano de 1545 por Álvaro da Costa e Maria Rebelo. O
ramo da família Noronha de A-de-Barros ter-se-á extinguido em 1876, com
o falecimento de António Pinto Osório, viúvo de Antónia de Noronha
Guedes de Carvalho, que conservava ainda no seu nome estes dois apelidos
- o dos Noronhas e o dos Carvalhos. É ainda de referir que em finais do
século XVI ou início do século XVII um António Rebelo Teixeira, de
Penso, casara com a sobrinha, filha de Diogo Lopes de Carvalho, de quem
descendem os Morgados do Poço, senhores da importante Casa do Poço de
Lamego.
O solar é um exemplar tradicional de casa brasonada de
Setecentos, com capela, dois lagares e várias dependências anexas. A
casa principal, de planta rectangular e cércea baixa, estrutura-se em
dois pisos de linhas marcadamente horizontais. A fachada principal é
austera e perfeitamente simétrica, rasgada ao centro pelo portal
principal, no piso nobre, acessível através de uma dupla escadaria
antecedida por um primeiro lanço semi-circular, que confere
monumentalidade ao conjunto. O portal, de verga recta, é encimado por um
brasão de aparato de tipo barroco, rematado por coroa, formando o
elemento mais destacado da frontaria. Ao nível térreo rasgam-se duas
portas, uma em cada extremidade, e no piso superior existem três janelas
de cada lado do portal, com molduras de avental e frontões
semicirculares. O terreno envolvente, fronteiro à Estrada Nacional 226,
está abandonado.
Sílvia Leite / DIDA - IGESPAR, I.P. / 2010"
in: monumentos.pt