Aquy jaz ho muito homrado pero rodriguez
porto carreiro
ayo que foy do conde dom anrique . cavaleiro da hordem
de samtiaguo he ho muito homrado gonçalo gil barbosaa
seu jenro caualeiro da hordem de cristos . he asi ho
muy homrado seu filho francisco barbosa. os quaes fo
ram trasladados a esta sepultura . no ano de 1532
ram trasladados a esta sepultura . no ano de 1532
A igreja da Graça
em Santarém foi edificada por D. João Afonso Teles de Meneses e sua mulher D. Guiomar de
Vilalobos, conforme letreiro que lá existia: "Este mosteiro mandou fazer o conde de Ourém D. João
Afonso, e a Condessa D. Guiomar sua mulher, e foi posta em el a primeira pedra segunda
feira 16 dias do mes de Abril da E. 1418" (1380)[1]. Originalmente
esta igreja
fazia
parte do Mosteiro de Sto. Agostinho.
Esta capela de Santo Alípio assim como
o túmulo foram mandados construir por Dona Mécia Mendes de Aguiar, viúva de Gonçalo
Gil Barbosa cerca de vinte anos após a morte de seu marido.
Quanto às pessoas a que se refere
este epitáfio temos em primeiro lugar Pero Rodriguez Portocarreiro, pai da já referida
Dona Mécia e aio de um conde dom Henrique cujo condado não é referido. E que talvez seja o mesmo Pero
Portocarreiro, primo do conde Dom Duarte de Meneses, referido na crónica
deste, da autoria de Gomes Eanes de Zurara, no cap. VI, que servia em
África em 1431. Consta que inicialmente estaria sepultado na Igreja de Sta
Maria de Marvila (Santarém). Para identificar este Conde Dom Henrique procurei
no « Catálogo Cronológico de todos os títulos
havidos em Portugal até à ocupação dos Felipes », 2ª parte , onde apenas são
mencionados dois condes de nome Dom Henrique. O mais antigo é dom Henrique Manuel
de Vilhena, Sr. de Cascais e 10º Conde de Seia entre 1373 e 1381, e senhor do
Paço de Sintra por doação de D. João Iº, de 4.XII. 1385. Em 1386 passou-se para Castela, onde foi feito Conde de
Montalegre c senhor de Meneses. Por isso os bens que tinha em Portugal
reverteram para a coroa e o título extinguiu.se. O outro foi D. Henrique de Meneses, 30º Conde de Viana ( do
Minho) em Fevereiro de 1464, Capitão de Alcácer, 11º Conde de Valença em 20 de Julho de
1464.
Pelas datas parece-me que o mais
provável é
que o
Conde Dom Henrique mencionado na Epígrafe seja o D. Henrique de Meneses, Conde
de Viana já que o outro se encontra muito distanciado cronologicamente e este
parece ter ainda alguma relação de parentesco com Pero Roiz Portocarreiro, por
parte da sua terceira avó D. Maior de Portocarreiro.
Quanto a Gonçalo Gil Barbosa, sabe-se que viveu em Santarém e foi para a Índia com Pero Alvares Cabral
em 1500 para ficar em Calecut como escrivão da feitoria que o rei Dom Manuel Iº ali mandou
construir.
Foi
feitor de Cananor, onde por seu conselho foi erguida uma fortaleza, conforme
descreve Damião de Goes na sua "Crónica del Rei D. Manuel. Voltou ao reino e a
2 de Janeiro de 1507 fez testamento junto com sua mulher no qual mandam
sepultar-se na Igreja de Sta. Maria de Marvila (Santarém).
Morreu a 8 de Julho de 1509 e foi sepultado na
dita igreja de Sta. Maria de Marvila.
O último referido, Francisco Barbosa
foi o primeiro filho de Pera Rodrigues Portocarreiro e de D. Mécia Mendes de
Aguiar, faleceu ainda em vida de sua mãe e não se sabe onde terá sido sepultado
inicialmente.
Os restos mortais destes três familiares de D. Mécia
Mendes de Aguiar terão sido trasladados para este túmulo em 1532 conforme o
epitáfio, contudo numa escritura de 1531 D. Mécia diz que naquele
convento estavam enterrados seu pai e seu marido[2] o que poderá ter
acontecido é que os corpos destes estivessem já na capela mas ainda não tivessem
sido colocados no túmulo por este não estar finalizado .
[1] FREIRE,
Anselmo Braamcamp - "Brazões da sala de Sintra" - Coimbra. 1921, Imprensa da Universidade.
[2] LIMA,
Manso de, "Famílias de Portugal", Vol III, Lisboa, 1927
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