1625,
20 Janeiro - o primeiro marquês de Gouveia foi D. Manrique da Silva,
conde de Portalegre; 1693, 16 Outubro - D. Maria Ferreira instituiu um
morgado, em que a terça dos seus bens, caso não tivesse descendência,
reverteria para a Companhia de Jesus, para criarem um colégio destinado
ao ensino de latim e moral, ficando os padres obrigados a duas missas
quotidianas por sufrágio; 1723, Março - António de Figueiredo Ferreira
enviou uma carta ao visitador da Província com a intenção de fundar o
Colégio, para o ensino de moral, filosofia, latim e primeiras letras,
devendo ser destacados dois padres missionários para a região. 15 Agosto
- fundação do Colégio, dedicado à Santíssima Trindade, pelo Mestre de
Campo António de Figueiredo Ferreira, filho da anterior, e a esposa D.
Brízida de Távora; 1733, 15 Novembro - ajuste para a primeira obra do
convento, a execução de um paredão em frente às casas dos fundadores,
para criar um pátio para os estudos, executado por Gaspar Ferreira de
Pinhanços e Aleixo Álvares de Arcozelo, por 66$200; as obras eram
dirigidas pelos Padres José de Melo e Bernardo Vieira; construção de
regos para escoar a água do terreno; 1734, 4 Janeiro - abertura dos
alicerces no lado das hortas; 27 Fevereiro - término das primeiras obras
de abertura de alicerces; 9 Setembro - contrato para a construção do
colégio com os mestres António do Vale, de Gouveia, António Lourenço e
Manuel do Vale, ambos de Caminha; 1738, 28 Agosto - começou o corte de
pedra nas pedreiras de Vale de Cadela, pelos pedreiros Aleixo Álvares,
Domingos Lourenço, André Lourenço e António Gonçalves, e pelos oficiais
Miguel Gonçalves, Bernardo Ferreira, Manuel Dias, António Gomes, António
Mendes, Domingos Álvares, Manuel Barbosa, Agostinho Gomes, Francisco
Gomes, António da Cunha, Manuel de Sousa, José Marques, Manuel Lourenço,
Domingos Guerreiro, António do Amaral e João Lopes; 1739 - inauguração
do imóvel; 1743, 1 Julho - o Padre Bernardo Vieira era vice-superior e
procurador geral do convento, residente nele; 1752 - o carpinteiro
Manuel Caetano era assistente no Colégio; 1752 - 1760 - as Casas da
Câmara estavam situadas junto ao Pelourinho *1; 1755, 1 Novembro - a
cruz da empena caiu na sequência do terramoto; 1759 - envolvimento dos
marqueses de Gouveia no atentado real, leva à extinção do marquesado,
assumindo o concelho municipal o poder em nome do rei; Fevereiro - na
data do sequestro dos bens dos Jesuítas, as obras não se encontravam
concluídas e o edifício albergava 5 religiosos; a biblioteca possuía
1640 livros; 23 Junho - alvará extinguindo as classes e as escolas
jesuíticas; 24 Julho - inventário dos bens do Colégio, assinado por Luís
Estanislau, onde se refere que as alas da quadra, colégio e parte da
igreja estavam por concluir, especialmente no que dizia respeito à
Capela de São Francisco Xavier; os jesuítas possuíam vastos rendimentos,
nomeadamente 21:382$608 a juros, as rendas de uma quinta em Oliveira do
Conde, uma em Cabra e outra em Seia, bem como a Capela da Senhora da
Serdaça, em Folgosinho; 1760 - 1763 - com a expulsão dos Jesuítas, a
Câmara passou a administrar o edifício do Colégio em nome do Erário
Régio, procedendo, nesta época, à divisão da cerca por uma parede que
importou em 400$000, e venda da mata envolvente ao capitão-mor António
José Pimentel por 280$000; 1766, 15 Novembro - inventário dos bens
encontrados nas dependências do colégio, nomeadamente nas celas,
refeitório, livraria e capela, com enorme relação de pratas,
paramentaria e imaginária *2; 1774 - as freguesias de Aldeias, Mangualde
e Moimenta passaram para Coimbra; séc. 19, início - com as invasões
francesas, o edifício acolheu os franciscanos provenientes do Convento
do Loreto, em Almeida; 1809 - instalação do quartel do Batalhão
Caçadores 7; 1839, 30 Julho - D. Maria II instala no imóvel o Tribunal e
Cadeia; 1839 - a Câmara arremata o imóvel e o Convento de São Francisco
por 3:500$000 réis a Bernardo António Homem; 1908 - a zona central era
em cantaria aparente; séc. 20 - os herdeiros do Conde de Caria vendem o
imóvel à Câmara Municipal, para instalação da mesma; execução dos
relevos para o átrio por Gustavo Bastos e Lagoa Henriques; feitura de
uma tela para a Sala de Audiências do Tribunal por Martins Barata; 1964,
5 Abril - inauguração do novo edifício da Câmara, conforme projecto do
arquitecto Álvaro da Fonseca.
Características Particulares
Edifício
de construção tardia, que não chegou a ser concluído, devido à extinção
da Companhia de Jesus, sendo um dos maiores imóveis da cidade, muito
alterado para adaptação a edifício municipal e judicial, sendo suprimido
o espaço da igreja, transformado em vestíbulo de acesso ao mesmo e em
corredores e escadas de circulação, mantendo, contudo, a planimetria
primitiva, a simplicidade da linguagem decorativa e a uniformidade dos
vãos, apenas contrariado pela maior exuberância decorativa dos portais
de acesso à igreja, como os frontões interrompidos, envolvidos por
elementos vegetalistas, as janelas dos panos centrais, em arco abatido e
decoradas por frontões semicirculares ou em cornija curva, bem como os
remates curvos da cornija, as pilastras de fustes e plintos almofadados e
os pináculos piramidais que as sobrepujam. A fachada da igreja é
tripartida, mas os portais laterais encontram-se rasgados num pano
independente e não abrem directamente para a nave, mas para um espaço
junto às capelas colaterais, solução que também podemos observar no
Colégio de São Francisco Xavier, em Beja (v. PT040205090073), podendo
corresponder a uma tipologia tardiamente adoptada pela Companhia. Nos
pátios laterais, existem vestígios dos primitivos revestimentos
azulejares e fontes; na zona central do claustro, implantado na divisão
dos dois claustros, foi colocada uma ampla fonte, de construção recente.
No vestíbulo, apresenta esculturas e relevos modernistas, de eminentes
artistas desse período.