Nos 100 anos do
Armistício de Compiègne fica a minha homenagem ao meu trisavô, o General Abel Hipólito.
"Filho de
José Maria do Amaral Hipólito e de Antónia Emília Ferreira, nasceu em Viseu a
13 de Fevereiro de 1860.
Foi incorporado no Regimento de Infantaria n.º 14 a 3
de Agosto de 1877, onde prestou serviço como praça até 15 de Julho de 1880,
momento em que seria promovido a alferes aluno. No mesmo ano frequentou o curso
preparatório para a Arma de Artilharia na Escola Politécnica e a 18 de Novembro
matriculou-se na Escola do Exército. A 18 de Janeiro de 1883 concluiu o curso
da Arma de Artilharia e foi promovido a alferes. A 28 de Janeiro de 1885 foi
promovido a tenente e passou a prestar serviço no Regimento de Artilharia de
Campanha. A 27 de Julho do ano seguinte seria transferido para a Brigada de
Artilharia n.º 2. A 31 de Junho de 1891 ascendia ao posto de capitão e era
colocado no Regimento de Artilharia de Montanha onde assumiria o cargo de
diretor da Escola Regimental até 12 de Fevereiro de 1894, voltando a ser
colocado no Regimento de Artilharia n.º 2.
Entre
1904 e 1908 voltou a desempenhar, por diversos momentos, o cargo de diretor da
Escola Regimental. A 6 de Maio de 1909 foi promovido a major e passou a prestar
serviço no Grupo de Artilharia de Montanha. No ano seguinte seria considerado
“Herói da República” pela sua ação meritória no derrube da Monarquia quando
comandante do Regimento de Artilharia n.º 8. A 31 de Junho de 1911 seria
promovido a tenente-coronel e dois anos depois a coronel assumindo o cargo de
comandante do Regimento de Artilharia n.º 8.
(in: Ilustração Portugueza)
Em 1914,
desempenhava funções de professor na Escola Central de Oficiais mas que teve de
abandonar para integrar o Corpo Expedicionário Português.
A 13 de Dezembro de
1916, sendo comandante
do Regimento de Artilharia 8, em Abrantes, participou no movimento militar que subjugou a revolta
chefiada por Machado Santos contra a República Portuguesa".
"Ainda
enquanto comandante em Abrantes, procedeu ao restauro e reinstalação do
aquartelamento no antigo castelo dessa cidade, salvando o imóvel da ruína a que
estava votado e criando, à época, o melhor quartel de artilharia antiaérea do
Exército Português.
A 29 de Dezembro de
1916 embarcou em Lisboa com destino a França onde seria graduado em general a 7
de Fevereiro de 1918 e promovido a 24 de Abril do ano seguinte".
Major Roberto Baptista e Coronel Abel Hipólito 1917
(in: Ilustração Portugueza)
"A 16 de
Abril de 1919 assumiu o comando da 1ª Divisão do Exército e a 7 de Junho
abandonaria esse cargo para exercer o cargo de comandante da Escola Militar.
Nesta qualidade seria nomeado presidente da comissão responsável por elaborar
um relatório cujo propósito era recompensar os militares que se distinguiram
nas ações contra a fação monárquica do norte que ocorreram nos meses de Janeiro
e Fevereiro de 1919.
Grande
defensor dos valores republicanos, desempenhou importantes cargos durante a
Primeira República Portuguesa, incluindo o de Ministro do Interior entre 23 de
Maio e 30 de Agosto de 1921 no 26º Governo Provisório de Tomé de Barros
Queirós. No mês seguinte presidiria à comissão responsável por angariar fundos
para a construção de um monumento destinado à evocação de memória dos
Portugueses mortos na Grande Guerra.
A 29 de
Outubro de 1924, integrou a comissão destinada a estudar as reclamações feitas
sobre as recompensas atribuídas por serviços prestados na Grande Guerra –
Europa e África – e propor uma melhor solução. No ano seguinte faria parte de
outra comissão destinada a analisar os relatórios sobre as ações militares que
terminaram com a insurreição monárquica de 18 e 19 de Julho do mesmo ano e
recompensar os seus intervenientes.
(in: Ilustração Portugueza)
1 - COMANDANTE AFONSO CERQUEIRA; 2 - GENERAL JÚLIO IVENS FERRAZ; 3 - GENERAL ROBERTO BAPTISTA; 4 - CORONEL CARLOS RIVERA; 5 - GENERAL ABEL HIPÓLITO; 6 - CORONEL FERREIRA MARTINS.
(Torre do Tombo - PT/TT/EPJS/SF/001-001/0013/0033D -
in: - http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=1208679 )
A 27 de Outubro de 1928 preside à comissão
responsável por proceder aos trabalhos históricos sobre o Corpo Expedicionário
Português. Morreu em Sintra a 12 de Outubro de 1929".
(in: Ilustração Portugueza)
"Entre a
instauração da República, em Outubro de 1910, e o assassinato do Chefe de
Estado Sidónio Pais, em Dezembro de 1918, o clima de instabilidade e de terror
vivido, estabelecera um sentimento de revolta latente. Sustentado pelo
movimento do Integralismo Lusitano, a 19 de Janeiro instala-se no Porto, sem
qualquer dificuldade e com o apoio das tropas, o governo provisório monárquico.
Surge assim a Monarquia do Norte. Generalizaram-se, então, diversas revoltas e
intentonas militares, sendo chamados os comandantes fiéis ao regime, melhor
equipados e organizados, a defender a bandeira republicana e aplacar as
revoltas.
(in: Ilustração Portugueza)
Abel Hipólito, foi destacado para a zona de Lamego
e Régua, tendo travando o combate dos Juncais (Lamego), no dia 9 de Fevereiro
de 1919, e entrando na Régua após os bombardeamentos pelas tropas realistas dos
dias 11, 12 e 13 desse mesmo mês. Dias depois é homenageado pelos seus pares e
conterrâneos em Viseu e considerado um herói da República
(in: Ilustração Portugueza)
[transcrição do documento de homenagem] Ao
visiense insigne, nobilíssimo militar, patriota ardente e fervoroso republicano
Ex[celentíssimo] S[enhor] Abel Hypólito, digno General Comandante da 2.ª
Divisão do Exército, oferecem os republicanos e socialistas de Vizeu, em
homenagem às suas altas virtudes cívicas e como testemunho da maior estima e
elevada consideração. Vizeu, 16 de Março de 1919 António Barroso Pereira
Victorino, republicano independente José Vale de Matos Cid, republicano
socialista (?) José Augusto Pereira – democrático Aurélio d’Almeida Henriques,
evolucionista Arnaldo dos Santos Malho – socialista Alfredo Figueiredo Caeiro,
socialista [transcrição do discurso]
Ex[celentíssimo]Senhor,
Republicanos e socialistas, naturaes d’esta muito nobre e antiga cidade de
Viseu, vetusta capital da Beira Alta, cujo nome a História guarda
carinhosamente pelas glórias d’um passado de heróicos sacrifícios e valorosos
feitos em prol da Liberdade, saúdam em V[ossa] Ex[celência], como Visiense
ilustre e dos que mais nobilitam a sua e minha terra, o Exército Republicano
que tem e terá por lema a dignificação e defesa da República e a honra da
Pátria. É esta festa toda ela votada à consagração das altas virtudes cívicas
que exauram o alevantado carácter de V[ossa] Ex[celência]. Em toda a sua já
larga carreira militar e nas horas mais difíceis para a República e para a
Pátria, tem V[ossa] Ex[celência] revelado quanto vale a sua inteligência e o
seu profundo saber, de experiências feito, aureolado sempre pela fé vivíssima e
dedicação aos compromissos de honra d’um verdadeiro e autêntico português.
Justíssima é pois, a homenagem que os patrícios de V[ossa] Ex[celência] lhe
prestam n’esta festa. Queira V[ossa] Ex[celência] ver nela a par da
simplicidade das suas galas, a sinceridade e amor ardenteà República e à Pátria
que o inspirou, como foi, um amor ainda que, aos lábios vermelhos da fibra da
mocidade fez entreabrir em sorrisos, em notas sentidas do hino nacional e de
canções que falam d’amor, este grupo de gentis meninas que aqui vieram
saudar-vos também, testemunhando-vos assim o seu respeito e elevada
consideração que todas vos tributam. A mocidade académica republicana, quiz
também cooperar n’esta festa animada dos mesmos sentimentos. E para que d’esta
noite em que nós, os Visienses, mais uma vez vitoriamos a República e a Pátria,
representadas, dignamente em V[ossa] Ex[celência], vos fique uma recordação,
quizeram os meus patrícios que das minhas mãos, nas de V[ossa] Ex[celência],
depositasse esta desvalorisada lembrança. Com ela vão as saudações das nossas
almas. Viva o Ex[celentíssimo] Senhor General Hipólito ! Viva a Pátria ! Viva a
República !
Viseu, 16 de Março 1919 Virgínia Elvira Azevedo Cruz Pereira (texto e transcrição de Sérgio
Gorjão, Director do MGV, 2011)"
- "Herói da Republica", Ministro do Interior, Comandante da Academia Milita, foi agraciado com os graus de:
Grã-Cruz, Grande Oficial, Oficial e
Cavaleiro da Ordem de São Bento de Avis,
Comendador da Ordem Militar de
Torre e Espada de Valor, Lealdade e Mérito,
Grã-Cruz da Ordem Militar de
Cristo,
Comendador da Legião de Honra (atribuído pelo governo francês),
Comendador da Ordem da Coroa de Itália (atribuída pelo rei de Itália),
Grã-Cruz da Ordem Militar de Espanha,
Commander of the Bath (atribuído
pelo rei de Inglaterra).
Foi também condecorado com as Medalhas
Militares de Ouro e Prata de Comportamento Exemplar, Medalhas Militares
de Ouro e Prata da Classe de Bons Serviços, Cruz Vermelha de Mérito e
Cruz de Mérito de Guerra Italiana e Medalha de 2ª Classe de Solidariedad
do Panamá.
(in: https://ruascomhistoria.wordpress.com/2016/05/04/comemora-se-este-ano-a-entrada-de-portugal-na-i-grande-guerra/)
Biografia retirada da ficha nº 2868 do Museu Grão Vasco e do site Portugal 1914
Imagens de diversas proveniências e colecções.