Armas do reino
"O antigo mosteiro de Maceira Dão é formado por três zonas
correspondentes a três campanhas arquitectónicas diferenciadas e que
testemunham a história desta casa e da sua evolução ao longo dos
séculos.
O primeiro mosteiro foi fundado em data incerta, por D.
Soeiro Tedoniz, em Moimenta do Dão, crendo-se que já existia em 1154 e
obedecia à Regra de São Bento (ALVES, p. 22). Todavia, o clima e a
topografia terão acabado por ditar a mudança dos religiosos para
Maceira, muito possivelmente em 1168. Já aí se encontravam em 1173
quando, a 31 de Outubro, D. Afonso Henriques passou a carta de couto de
Maceira Dão ao Abade Soeiro (IDEM, p. 37). Mais tarde, e também em data
incerta, embora alguns autores defendam o ano de 1188, estes religiosos
trocaram a regra de São Bento pela de São Bernardo, colocando-se sob a
protecção dos abades de Alcobaça (IDEM; p. 23). Certo é que em 1212 o
mosteiro era cisterciense.
Destas primeiras construções pouco ou
nada nos chegou, a não ser, talvez, algumas das pedras sigladas com que o
claustro e a igreja que hoje conhecemos foram edificados, já nos
séculos XVII e XVIII. A torre medieval, pode também ser recuada ao
século XII-XIV (IDEM; p. 14). No início do século XVI, uma outra
campanha envolveu todo o imóvel, mas não deverá ter alterado o aspecto
geral do mesmo. As grandes alterações ocorreram nos séculos seguintes,
com o claustro e a fachada edificados nos primeiros anos de Seiscentos, e
a portaria a apresentar o cronograma de 1613. Devido a dificuldades
financeiras, as obras prolongaram-se até à centúria seguinte. Assim o
demonstram as datas de 1628, 1668 e 1669 presentes nas bases dos
pináculos do claustro, totalizando pelo menos quarenta anos de
intervenções (IDEM, p. 19, nota 6). Esta zona do mosteiro, que se
desenvolve em planta rectangular irregular, incluía o claustro, a sala
do capítulo, o refeitório, a cozinha, a adega e outras dependências,
sendo que no piso superior se situavam as celas, o quarto do Dom Abade, a
biblioteca, e a enfermaria (IDEM; p. 15).
A igreja foi o último
espaço a ser reedificado, já na década de 1740. Assim, em 1744 a obra
era arrematada por um conjunto de mestres pedreiros do Minho, de seu
nome João Ribeiro Alves, João Martins, João da Costa Coelho e João
Fernandes Ribeiro (IDEM; p. 69). Os trabalhos ficaram concluídos em
1779, dando-se então início às campanhas decorativas, para as quais foi
contratado, ainda nesse ano, José da Fonseca Ribeiro para desenhar e
executar o retábulo-mor. Sete anos mais tarde era a vez de Pascoal
Parente pintar algumas telas, conhecendo-se a
Fuga para o Egipto,
que foi adquirida pela Irmandade das Almas de Mangualde, juntamente com
os retábulos colaterais, depois da extinção das ordens religiosas.
A igreja desenvolve-se em planta longitudinal que articula capela-mor
muito profunda e nave, esta última de planta elíptica, que se reflecte
na fachada principal. O alçado, com portal de frontão curvo onde se
inscrevem as armas reais, apresenta ainda três nichos onde deveriam ter
figurado, ao centro, a imagem de Nossa Senhora da Assunção, a quem a
igreja era dedicada, ladeada por São Bento e São Bernardo.
Em 1834 o
convento era extinto, e o inventário executado com extrema celeridade.
Um viseense adquiriu o conjunto do mosteiro que conheceu, depois,
diversos proprietários. O seu património móvel dispersou-se como já
referimos a propósito de uma tela e dois altares, encontrando-se
actualmente o retábulo-mor na igreja paroquial de Fragosela, ainda que
muito adaptado a um espaço bem mais exíguo (IDEM, p. 99).
(Rosário Carvalho)"
IN: DGPC -
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/72103
Ver também:
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=7263