São Roque (c. 1295
– 1327) é um santo da Igreja Católica Romana, protector contra a peste e
padroeiro dos inválidos e cirurgiões. É também considerado por algumas
comunidades católicas como protector do gado contra doenças contagiosas. A sua
popularidade, devido à intercessão contra a peste, é grande sendo orago de
múltiplas comunidades em todo o mundo católico e padroeiro de diversas
profissões ligadas à medicina, ao tratamento de animais e dos seus produtos e
aos cães. A sua festa celebra-se a 16 de Agosto.
Não existem grandes certezas
sobre a vida de São Roque, permanecendo a maior partes dos seus dados
biográficos envolvidos em mistério. Até o seu verdadeiro nome é desconhecido,
já que Roch (aportuguesado para Roque) seria o seu nome de
família e não o nome de baptismo (está documentada a existência no século XII
de uma família com aquele apelido na cidade).
Embora haja considerável
variação nas datas apontadas para o seu nascimento e morte (consoante os
hagiógrafos, a data de nascimento varia de 1295 a 1350; a da morte de 1327 a
1390), Roque terá nascido em Montpellier, França, por volta de 1350, e falecido
na mesma cidade em 1379 (embora outra versão da sua biografia o dê como morto
naquele mesmo ano, mas na Lombardia). Sabe-se contudo que terá falecido jovem.
Era filho de um mercador rico,
de nome João, que teria funções governativas na cidade, e de sua mulher
Libéria. Estava ligada a famílias importantes de Montpellier, sendo herdeiro de
considerável fortuna.
Diz a lenda que Roque teria
nascido com um sinal em forma de cruz avermelhada na pele do peito, o que o predestinaria
à santidade. Roque terá ficado órfão de pai e mãe muito jovem, sendo a sua
educação confiada a um tio. Terá estudado medicina na sua cidade natal, não
concluindo os estudos.
Levando desde muito cedo uma
vida ascética e praticando a caridade para com os menos afortunados, ao atingir
a maioridade, por volta dos 20 anos, resolveu distribuir todos os seus bens aos
pobres, deixando uma pequena parte confiada ao tio, partindo de seguida em
peregrinação a Roma.
No decorrer da viagem, ao chegar
à cidade de Acquapendente, próxima de Viterbo, encontrou-a assediada pela peste
(aparentemente a grande epidemia da Peste Negra de 1348). De imediato
ofereceu-se como voluntário na assistência aos doentes, operando as primeiras
curas milagrosas, usando apenas um bisturi e o sinal da cruz. De seguida
visitou Cesena e outras cidades vizinhas, Mântua, Modena, Parma, e muitas
outras cidades e aldeias. Onde surgia um foco de peste, lá estava Roque
ajudando e curando os doentes, revelando-se cada vez mais como místico e taumaturgo.
Depois de visitar Roma (período
que alguns biógrafos situam de 1368 a 1371), onde rezava diariamente sobre o
túmulo de São Pedro e onde também curou vítimas da peste, na viagem de volta
para Montpellier, ao chegar a Piacenza, foi ele próprio contagiado pela doença,
o que o impediu de prosseguir a sua obra de assistência. Para não contagiar
alguém, isolou-se na floresta próxima daquela cidade, onde, diz a lenda, teria
morrido de fome se um cão não lhe trouxesse diariamente um pão e se da terra
não tivesse nascido uma fonte de água com a qual matava a sede. O cão
pertenceria a um rico-homem, de nome Gottardo Palastrelli, que apercebendo-se
miraculosamente da presença de Roque, o terá ajudado, sendo por ele convertido
a emendar a sua má vida.
Miraculosamente curado,
regressou a Montpellier, mas logo foi preso e levado diante do governador, que
alguns biógrafos afirmam seria um seu tio materno, que declarou não o conhecer.
Roque foi considerado um espião e passou alguns anos numa prisão (alguns
biógrafos dizem ter sido 5 anos) até morrer, abandonado e esquecido por todos,
só sendo reconhecido depois de morto, pela cruz que tinha marcada no peito.
Uma
versão alternativa situa o local da prisão em Angera, próximo do Lago Maggiore,
afirmando que teria sido mandado prender pelo duque de Milão sob a acusação de
ser espião a soldo do Papa. Não se podendo livrar da acusação de espionagem (ou
de disseminar a peste), morreu prisioneiro naquela cidade (diz-se que em 1379).
Embora não haja consenso sobre o
local do evento, parece certo que ele morreu na prisão, depois de um largo
período de encarceramento.
Descoberta a cruz no peito, a
fama da sua santidade rapidamente se espalhou por todo o sul de França e pelo
norte da Itália, sendo-lhe atribuídos numerosos milagres. Passou a ser invocado
em casos de epidemia, popularizando-se como o protector contra a peste e a
pestilência. O primeiro milagre póstumo que lhe é atribuído foi a cura do seu
carcereiro, que se chamaria Justino e coxeava. Ao tocar com a perna no corpo de
Roque, para verificar se estaria realmente morto, a perna ficou milagrosamente
curada.
Embora sem provas que o
consubstanciem, afirma-se que Roque terá pertencido à Ordem Terceira de São
Francisco.