quarta-feira, 3 de abril de 2013

Sepultura de Pedro Rodrigues Portocarreiro - Igreja da Graça - Santarém.
























Aquy jaz ho muito homrado pero rodriguez porto carreiro
ayo que foy do conde dom anrique . cavaleiro da hordem
de samtiaguo he ho muito homrado gonçalo gil barbosaa
seu jenro caualeiro da hordem de cristos . he asi ho
 muy homrado seu filho francisco barbosa. os quaes fo
ram trasladados a esta sepultura . no ano de 1532




A igreja da Graça em Santarém foi edificada por D. João Afonso Teles de Meneses e sua mulher D. Guiomar de Vilalobos, conforme letreiro que lá existia: "Este mosteiro mandou fazer o conde de Ourém D. João Afonso, e a Condessa D. Guiomar sua mulher, e foi posta em el a primeira pedra segunda feira 16 dias do mes de Abril da E. 1418" (1380)[1]. Originalmente esta igreja fazia parte do Mosteiro de Sto. Agostinho.
            Esta capela de Santo Alípio assim como o túmulo foram mandados construir por Dona Mécia Mendes de Aguiar, viúva de Gonçalo Gil Barbosa cerca de vinte anos após a morte de seu marido.
            Quanto às pessoas a que se refere este epitáfio temos em primeiro lugar Pero Rodriguez Portocarreiro, pai da já referida Dona Mécia e aio de um conde dom Henrique cujo condado não é referido. E que talvez seja o mesmo Pero Portocarreiro, primo do conde Dom Duarte de Meneses, referido na crónica deste, da autoria de Gomes Eanes de Zurara, no cap. VI, que servia em África em 1431. Consta que inicialmente estaria sepultado na Igreja de Sta Maria de Marvila (Santarém). Para identificar este Conde Dom Henrique procurei no « Catálogo Cronológico de todos os títulos havidos em Portugal até à ocupação dos Felipes », 2ª parte , onde apenas são mencionados dois condes de nome Dom Henrique. O mais antigo é dom Henrique Manuel de Vilhena, Sr. de Cascais e 10º Conde de Seia entre 1373 e 1381, e senhor do Paço de Sintra por doação de D. João Iº, de 4.XII. 1385. Em 1386 passou-se para Castela, onde foi feito Conde de Montalegre c senhor de Meneses. Por isso os bens que tinha em Portugal reverteram para a coroa e o título extinguiu.se. O outro foi D. Henrique de Meneses, 30º Conde de Viana ( do Minho) em Fevereiro de 1464, Capitão de Alcácer, 11º Conde de Valença em 20 de Julho de 1464.
            Pelas datas parece-me que o mais provável é que o Conde Dom Henrique mencionado na Epígrafe seja o D. Henrique de Meneses, Conde de Viana já que o outro se encontra muito distanciado cronologicamente e este parece ter ainda alguma relação de parentesco com Pero Roiz Portocarreiro, por parte da sua terceira avó D. Maior de Portocarreiro.
            Quanto a Gonçalo Gil Barbosa, sabe-se que viveu em Santarém e foi para a Índia com Pero Alvares Cabral em 1500 para ficar em Calecut como escrivão da feitoria que o rei Dom Manuel Iº ali mandou construir. Foi feitor de Cananor, onde por seu conselho foi erguida uma fortaleza, conforme descreve Damião de Goes na sua "Crónica del Rei D. Manuel. Voltou ao reino e a 2 de Janeiro de 1507 fez testamento junto com sua mulher no qual mandam sepultar-se na Igreja de Sta. Maria de Marvila (Santarém).
            Morreu a 8 de Julho de 1509 e foi sepultado na dita igreja de Sta. Maria de Marvila.
            O último referido, Francisco Barbosa foi o primeiro filho de Pera Rodrigues Portocarreiro e de D. Mécia Mendes de Aguiar, faleceu ainda em vida de sua mãe e não se sabe onde terá sido sepultado inicialmente.
            Os restos mortais destes três familiares de D. Mécia Mendes de Aguiar terão sido trasladados para este túmulo em 1532 conforme o epitáfio, contudo numa escritura de 1531 D. Mécia diz que naquele convento estavam enterrados seu pai e seu marido[2] o que poderá ter acontecido é que os corpos destes estivessem já na capela mas ainda não tivessem sido colocados no túmulo por este não estar finalizado .



[1] FREIRE, Anselmo Braamcamp - "Brazões da sala de Sintra" - Coimbra. 1921, Imprensa da Universidade.
[2] LIMA, Manso de, "Famílias de Portugal", Vol III, Lisboa, 1927
 

terça-feira, 2 de abril de 2013

Nossa Senhora da Conceição da Rocha

"São também 7, os “moçoilos” que em Maio de 1822, no Vale Bucólico do J(amor)*, em perseguição de um coelho, descobriram uma gruta, cavidade dentro da rocha calcária, com muitos ossos humanos e um altar com uma imagem de Nossa Senhora com o manto muito desmaiado e “debruado de espiguilha de prata”. À aparição seguiram-se os milagres, criou-se um culto, estabeleceu-se uma romaria, e ficou o santuário erigido no sítio conhecido como Senhora da Rocha“(...) Um dos gaiatos, o mais pequeno, conseguiu entrar, e ao ver que se tratava de uma gruta, grande, chamou os outros. Uma vez entrados todos, viram no chão uma laje e quando conseguiram erguê-la, a muito custo, descobriram duas caveiras, ossos humanos (...)”

Daqui: http://gazetademiraflores.blogspot.pt/2012/06/lenda-de-nossa-senhora-da-conceicao-da.html


















São Roque



                São Roque (c. 1295 – 1327) é um santo da Igreja Católica Romana, protector contra a peste e padroeiro dos inválidos e cirurgiões. É também considerado por algumas comunidades católicas como protector do gado contra doenças contagiosas. A sua popularidade, devido à intercessão contra a peste, é grande sendo orago de múltiplas comunidades em todo o mundo católico e padroeiro de diversas profissões ligadas à medicina, ao tratamento de animais e dos seus produtos e aos cães. A sua festa celebra-se a 16 de Agosto.
                Não existem grandes certezas sobre a vida de São Roque, permanecendo a maior partes dos seus dados biográficos envolvidos em mistério. Até o seu verdadeiro nome é desconhecido, já que Roch (aportuguesado para Roque) seria o seu nome de família e não o nome de baptismo (está documentada a existência no século XII de uma família com aquele apelido na cidade).
                Embora haja considerável variação nas datas apontadas para o seu nascimento e morte (consoante os hagiógrafos, a data de nascimento varia de 1295 a 1350; a da morte de 1327 a 1390), Roque terá nascido em Montpellier, França, por volta de 1350, e falecido na mesma cidade em 1379 (embora outra versão da sua biografia o dê como morto naquele mesmo ano, mas na Lombardia). Sabe-se contudo que terá falecido jovem.
                Era filho de um mercador rico, de nome João, que teria funções governativas na cidade, e de sua mulher Libéria. Estava ligada a famílias importantes de Montpellier, sendo herdeiro de considerável fortuna.
                Diz a lenda que Roque teria nascido com um sinal em forma de cruz avermelhada na pele do peito, o que o predestinaria à santidade. Roque terá ficado órfão de pai e mãe muito jovem, sendo a sua educação confiada a um tio. Terá estudado medicina na sua cidade natal, não concluindo os estudos.
                Levando desde muito cedo uma vida ascética e praticando a caridade para com os menos afortunados, ao atingir a maioridade, por volta dos 20 anos, resolveu distribuir todos os seus bens aos pobres, deixando uma pequena parte confiada ao tio, partindo de seguida em peregrinação a Roma.
                No decorrer da viagem, ao chegar à cidade de Acquapendente, próxima de Viterbo, encontrou-a assediada pela peste (aparentemente a grande epidemia da Peste Negra de 1348). De imediato ofereceu-se como voluntário na assistência aos doentes, operando as primeiras curas milagrosas, usando apenas um bisturi e o sinal da cruz. De seguida visitou Cesena e outras cidades vizinhas, Mântua, Modena, Parma, e muitas outras cidades e aldeias. Onde surgia um foco de peste, lá estava Roque ajudando e curando os doentes, revelando-se cada vez mais como místico e taumaturgo.
                Depois de visitar Roma (período que alguns biógrafos situam de 1368 a 1371), onde rezava diariamente sobre o túmulo de São Pedro e onde também curou vítimas da peste, na viagem de volta para Montpellier, ao chegar a Piacenza, foi ele próprio contagiado pela doença, o que o impediu de prosseguir a sua obra de assistência. Para não contagiar alguém, isolou-se na floresta próxima daquela cidade, onde, diz a lenda, teria morrido de fome se um cão não lhe trouxesse diariamente um pão e se da terra não tivesse nascido uma fonte de água com a qual matava a sede. O cão pertenceria a um rico-homem, de nome Gottardo Palastrelli, que apercebendo-se miraculosamente da presença de Roque, o terá ajudado, sendo por ele convertido a emendar a sua má vida.
                Miraculosamente curado, regressou a Montpellier, mas logo foi preso e levado diante do governador, que alguns biógrafos afirmam seria um seu tio materno, que declarou não o conhecer. Roque foi considerado um espião e passou alguns anos numa prisão (alguns biógrafos dizem ter sido 5 anos) até morrer, abandonado e esquecido por todos, só sendo reconhecido depois de morto, pela cruz que tinha marcada no peito.
Uma versão alternativa situa o local da prisão em Angera, próximo do Lago Maggiore, afirmando que teria sido mandado prender pelo duque de Milão sob a acusação de ser espião a soldo do Papa. Não se podendo livrar da acusação de espionagem (ou de disseminar a peste), morreu prisioneiro naquela cidade (diz-se que em 1379).
                Embora não haja consenso sobre o local do evento, parece certo que ele morreu na prisão, depois de um largo período de encarceramento.
                Descoberta a cruz no peito, a fama da sua santidade rapidamente se espalhou por todo o sul de França e pelo norte da Itália, sendo-lhe atribuídos numerosos milagres. Passou a ser invocado em casos de epidemia, popularizando-se como o protector contra a peste e a pestilência. O primeiro milagre póstumo que lhe é atribuído foi a cura do seu carcereiro, que se chamaria Justino e coxeava. Ao tocar com a perna no corpo de Roque, para verificar se estaria realmente morto, a perna ficou milagrosamente curada.
                Embora sem provas que o consubstanciem, afirma-se que Roque terá pertencido à Ordem Terceira de São Francisco.